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Olisipo - Sociedade Editora, Lisboa. 1922. In-8º de 72 págs. Enc. com retrato.
Encadernação moderna meia francesa em pele castanha, lombada com quatro nervos, decoração a ouro em casas fechadas. Conserva capas de brochura e o retrato original do autor realizado pela Casa Bobone.
Trata-se da segunda edição, de cuidado apuro gráfico, impressa em papel de linho de grande qualidade. Vem adornado com um retrato original do poeta impresso em papel de prata, e colado à parte e que foi motivo pela sua apreensão efectuada pela censura política e consequentemente retirado do comércio.
Obra icónica da literatura portuguesa do séc. XX.
Edição aumentada e revista pelo poeta. Em As mãos da Escrita publicada pela BNP em 2007, p. 85, lemos que o autor " ... foi um doa mais originais e polémicos escritores portugueses, celebrado pela agitada apreensão da 2ª edição das Canções (1922), cujas edições sucessivamente reviu e aumentou à saciedadeIntegrado no primeiro grupo modernista, de Almada Negreiros, Sá Carneiro e Fernando Pessoa, deixou uma extensa obra que o individualiza claramente ...".
" ... A primeira edição das Canções do poeta António Botto, em 1920, pela Imprensa Libânio da Silva, foi praticamente ou propositadamente ignorada pela ‘grande’ imprensa. Num país europeu, católico, que vivia sobre a pressão das mudanças desencadeadas pela Grande Guerra e a emergência e propagação de novas ideologias e regimes (comunismos, fascismos), tempo de ‘crises’ diversas, não seria prudente dar realce a um poeta que cantava, em tom confessional, a beleza masculina e o amor homossexual. Assim, o escândalo moral alimentado por conversas de café acabou por se diluir na «escandaleira política» daqueles tempos.
Mas dois anos depois, 1922, quando saiu a 2.ª edição, sob a chancela da jovem editora Olisipo fundada por Fernando Pessoa, os comentários em surdina deram lugar ao ativismo, sobretudo por parte das forças católicas mais conservadoras, com manifestações nas ruas, distribuição de manifestos, reuniões com as autoridades para exigir a reposição da ordem e a moralização da vida pública. Este autodesignado movimento de «higienização moral» foi protagonizado pelos estudantes das escolas superiores de Lisboa e essa é, talvez, a sua faceta mais inusitada. .." (in "Livros Que Foram Notícia", Hemeroteca de Lisboa).